sábado, 14 de maio de 2011

Uma reunião ARAS-REP bem rica de fraternidade

NÃO É POSSÍVEL QUE ESTA SITUAÇÃO
DE IMPASSE SE MANTENHA
Quando o actual presidente da REP nos telefonou para uma reunião com a ARAS, na nossa sede da Amadora, não resistimos à tentação de aceitar o convite, muito embora soubéssemos quanto restritivas poderiam ser as suas conclusões. No nosso espírito e no nosso interesse algo se sobrepunha a esta comezinha circunstância. O que interessava, afinal, era conversar informalmente, trocar impressões, mais como radioamadores ciosos de estabelecer uma fraternidade de saudosa recordação do que propriamente arrancar o sonho de uma união de forma, com respeito pela igualdade de direitos e de território. No dia aprazado, com a respectiva ordem de trabalhos cuidadosamente elaborada, deu-se início à reunião.
Primeiro, num estudo preliminar que mais parecia um prelúdio de luta do que aquilo que, após a abertura da garrafa do indispensável néctar que une corações, trazendo ao de cima a franqueza, a frontalidade e a verdade. O formalismo inicial quebrou-se, como por encanto, o protocolo desapareceu nos sorrisos de orelha a orelha, e o convívio estabeleceu-se e a garrafa de bom Porto foi-se esvaziando como a lâmpada de Aladino que se esfrega e nos traz todos os desejos e toda a felicidade.
Tinha-se quebrado o tabu. Durante algumas horas revivemos as décadas de 50 e 60. Como por encanto sentimo-nos transportados para o Norte, mais concretamente para cidade do Porto. Os circunstantes transmudaram-se e comecei a ver à minha volta e a sentir o calor fraternal, o espírito de entreajuda, a espera e a alegria de mais uns convivas, de mais «irmãos», de mais elementos na «família» de radioamadores. Senti o entusiasmo contagiante do CT1EE (Dr. Fernando Pinheiro; o médico dos pobres; o homem que não casou por muito amar aquelas duas senhoras (a mãe e a tia)
com quem vivia e poder fazer da sua profissão o sacerdócio que o matrimónio certamente não autorizava; o CT1GE (dr. Oliveira Alves); o CT1JH, que não desistiu
enquanto não me impingiu dois autotransformadores 220/110 para que, em série, e com um circuito dobrador de tensão obtivesse a tensão de placa necessária para alimentar as 807; CT1IQ, o meu querido e saudoso amigo e colega, que um acidente de viação havia de levar ainda em plena juventude, que juntamente com o pai, talvez o primeiro CT1BM, me entusiasmavam para construir a cúbica e colocá-la no cimo do telhado da vivenda que então me servia de abrigo em Ermesinde, prontificando-se a fornecer-me o sinal indispensável para afinar os «stubs», do reflector, para melhorar a relação frente-costas. O CT1UK, aqueles dois metros e tal e os cento e tantos quilos que um dia vi, sentado no meu velhinho 30 cavalos, levando o volante entre os joelhos, numa deslocação a Santo Tirso, onde ia buscar a «Maria Maluca» que queria experimentar na não menos enorme vivenda que se destacava no conjunto de casas normais naquela vila onde vivíamos (hoje Externato Santa Joana, em Ermesinde). O CT1IK e o CT1BH, o primeiro na Rua Alves da Veiga e, o segundo, já no seu consultório, ali junto da Batalha, os jovens «intelectuais da radiofonia», quase inacessíveis, do CT1OZ, que lá para os lados da Constituição fazia a vida negra ao pároco do Marquês, interrompendo as suas homilias com as sempre insistente chamadas gerais em cima dos QSO´s onde queria entrar. Mas... «minha rica Nossa Senhora», onde eu já vou com as minhas deambulações, esquecendo-me que estou em pleno século XXI e que este «negócio de velhos» é uma miríade para quem luta por um lugar ao sol e outro em terra, indispensável, mesmo que se tenha de esmagar o vizinho; onde, falar-se de amizade, de confraternização, de união desinteressada, é o Éden.
Desculpem-me se me desviei da descrição que estava a tentar levar até vós: a reunião de alguns elementos dos corpos gerentes da ARAS e da REP, onde se falou das muitas Associações existentes e das poucas em actividade; de algumas que só constam no papel porque as pessoas que as fundaram não se incomodaram em extingui-las legalmente; da necessidade de juntar esforços
para criar o dialogante válido junto da ANACOM (ex-DSR, ex-ICP e se demorarmos algum tempo será ex-ANACOM), de molde a afirmar as nossas reivindicações e requerer os nossos direitos, a par da exigência de fazer actuar a indispensável fiscalização porque, sem tudo isto, seremos, como temos sido até aqui, preza fácil e rebanho dócil a que se impõem regras de todo o jaez, sem sequer apurar se está a pôr em causa a imagem do País e dos utilizadores desta área do espectro radioeléctrico.
Foi, sem dúvida, e tal como prevíamos, uma reunião onde se falou um pouco de tudo e, como convinha, sem conclusões, o que contraria os formalistas, mas a nós nos agrada, pelo muito que serviu de observação e análise para futuros encontros que, como ficou ali assente, seria, num futuro próximo, retribuído pela REP.
Mas, afinal, perguntarão os meus leitores: onde está a razão do título?
Para o bom entendedor... Até à próxima se Deus quiser!...
Boletim da ARAS – 2002

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