domingo, 15 de maio de 2011

Perdoai-lhe Senhor... (1982-1997)

PERDOAI-LHES SENHOR PORQUE NÃO SABEM DO QUE FALAM….

Veio parar-nos às mãos a convocatória, o comunicado e o manifesto eleitoral da REP e, naturalmente, não passaríamos da simples leitura se não houvesse ali o chamado direito de resposta por, nestes textos, constarem TODOS os Radioamadores e TODAS as Associações.
Num dos últimos escritos sobre a conjuntura nacional do Radioamadorismo abordávamos a falta de diálogo e a pseudo cúpula de uma estrutura caquéctica, apodrecida e fascizante chamada Rede dos Emissores Portugueses. As pessoas mudaram nas sucessivas direcções, as comissões administrativas foram um denominador comum entre as muitas crises daquela estrutura associativa mas algo se manteve e mantém com o nauseabundo cheiro a passado sobre vestes de púrpura e o cheiro a incenso.
A REP é, no panorama do radioamadorismo nacional, uma associação como todas as outras criadas em Portugal. Numa nota futura iremos transcrever o que o Procurador da República exarou aquando da constituição da ARAS respondendo ao pedido de impugnação pela REP a propósito do carácter nacional ou regional, e porque não, também, o que então representante principal da DSR, Eng. Patrício, disse ao delegado da REP numa reunião e quando este reivindicava estatuto especial, por ser a representante da IARU.
Será bom lembrar que na escritura de constituição da esmagadora maioria das associações, senão na totalidade (não conhecemos as que requereram o seu estatuto de menoridade) há uma figura comum de organização nacional, pelo que nos parece de todo descabido que se diga «que cerca de 1500 sócios da REP (aqui só acreditamos se nos provarem com auditoria independente) tem vindo a sustentar uma estrutura nacional que é usada por mais de 3500 amadores independentes».
Voltamos a lembrar que a estrutura foi fruto de TODOS os Radioamadores nacionais e por eles sustentada durante mais de 50 anos e não da maioria dos actuais sócios da REP e, de entre aqueles, de pouco mais de uma dúzia, que deixaram nos cofres da REP muitas centenas de milhares de escudos que foi malbaratado, em parte roubado e que um só radioamador teve a hombridade de repor, no valor que lhe correspondia dessa responsabilidade e esse teria de ser indubitavelmente do Norte (que me desculpem os bons radioamadores a sul do Lis).
Primeiro, porque a REP nunca foi, na verdadeira acepção da palavra, uma associação nacional, sempre foi, isso sim, uma associação regional (de Lisboa, como aliás o confirma o actual presidente da Direcção) ingovernável, apoiante e insofismavelmente genuflectora do regime anterior ao 25 de Abril, com lutas intestinas e falta de interesse na defesa dos radioamadorismo português. Voltamos a lembrar o processo CT1MZ, quer quando era Presidente da REP quer quando foi «expulso» de sócio porque se tornou incómodo à minoria mandante, também naquela altura um pouco à imagem do potencial impugnador da Assembleia de Oliveira de Azeméis mas, ao contrário deste, nunca deram um tostão. Mas o que podemos nós esperar de uma associação que nasceu e cresceu com a obrigatoriedade associativa imposta pelo próprio regime como única forma de controlar a actividade. A liberdade que foi devolvida ao povo português com o 25 de Abril não subiu ao 5.º andar da Rua D. Pedro V. Em qualquer escrito que dali sai se vislumbra a arrogância, a sempre famigerada hereditariedade de «associação única e supranacional», com a agravante de se transmitir um saudosismo aberrante e o risco de, à sua sombra, se estar a gerar uma juventude defensora de novos «camisas negras», pela instigação à destruição de todas as estrutura criadas, mercê da liberdade associativa, que em boa hora foi decretada.
Não nos deteremos a classificar os três panfletos que nos chegaram às mãos por serem contraditórios, demagógicos e, acima de tudo, insultuosos para alguns sectores do Radioamadorismo de Norte a Sul do País.
Pertencemos a uma geração de radioamadores que sempre se mostrou acima dos comezinhos interesses pessoais, do culto da personalidade ou do seguidismo interesseiro, de como se diz no Comunicado da Direcção «é uma pessoa muito influente, detentora de imenso poder económico pelo que, a Rede dos Emissores Portugueses e os seus Sócios (os presentes pelo menos) não detinham capacidade financeira, nem poder social, capaz de sustentar causas de conflito a decorrer nos Tribunais portugueses». Esta é forte demais para os presentes naquela assembleia, primeiro porque não corresponde à verdade e segundo porque se trata do reflexo latente da pobreza em contraste com a riqueza que se divulga para o exterior.
Esqueceu o comunicado que foi devido a este Radioamador que a REP ainda existe e que o seu poder económico e a sua influência social possibilitou que uma centena (desculpem se foram menos) deu à Rede dos Emissores Portugueses centenas de milhares de escudos.
Não nutrimos (apenas e só como radioamadores) qualquer simpatia pelo percurso e pelas atitudes desse radioamador, mas manda a justiça, porque essa é cega, que se dê a César o que é de César e se deixe «os filhos ingratos e degenerados assaltarem e dizerem mal do pai.»
Não nos surpreendeu que no ponto seis do comunicado tivesse surgido uma referência a CT1BH, como aproveitamento de uma situação que nada tem a ver com a situação actual, mas que vem de 1975, com o grito do Ipiranga contra a diatribes e a prepotência da chamada associação nacional, que por muito que se brade no deserto, continuará a ser exclusivamente de Lisboa e só por conveniência ou demagogia se abrirá ao Norte. Apenas se pretende que alguns incautos dêem o corpo às balas com o seu sempre nobre e leal respeito pela honra da sua palavra, para alimentar as lutas intestinas geradas pelo sentido de vingança ou de poder e nunca na defesa dos interesses da actividade de meia dúzia de desconhecidos que, como piolho em camisa lavada, se metem por todo o lado, em bicos de pés, para ver se alguém se lembra deles, já que a vida lhes foi madrasta.
Permita-me meu bom amigo e sempre querido CT1BH que quase emocionadamente, num rasgo último de orgulho de ser nortenho, lhe diga, de uma vez por todas, que regresse ao seu estilo e ao seu estatuto. Regresse, meu querido «professor», aos anos setenta e seja o arauto de uma nova e mais saudável confraternização entre todos nós, faça da verdade a nosssa revolução e denuncie connosco a hipocrisia que faz do actual radioamadorismo alguma coisa que nada tem a ver com o «nosso» radioamadorismo, vivido e reflectido nas reuniões do Palácio de Cristal, de Coimbra, da Lousã e do Cartaxo, etc., etc.     
Seja novamente o líder como o foi naquele tempo e abra as hostilidades. Ajude-nos a contar aos mais novos o que sabemos do que foi a REP desde os anos 40 até hoje. Deixe que nós, os que nascemos no radioamadorismo à margem da associação nacional, que nos socorríamos dos que hoje nos trazem as lágrimas aos olhos pela saudade que temos deles, que foram, também eles, os seus mestre e iguais, nos olhem e nos envolvam, nos transmitam e nos encorajem a transmitir o sentir de quem viveu como clandestinos na visão da dita associação, que para nós apenas existia no papel e de que ouvíamos falar como de estrangeira se tratasse.
Já que é nomeado como voz credível na defesa do Norte que o seja na verdadeira acepção da palavra, como nós acreditamos que o foi, é e será, recorde a irreverência de CT1EE, a bondade de CT1GE e frontalidade e humildade de CT1OZ e «diga» aqui e em todo o País, como o disseram os nossos antecessores quando o «Rádio Clube Português, pela mão de Botelho Moniz, quis monopolizar todas as demonstrações vitais da união radiófila».

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