segunda-feira, 9 de maio de 2011

O segundo «barrete» - 1963

Uma viagem inesperada

Todos os dias, à noite, se encontravam, em dez metros, uns quantos radioamadores do Porto e arredores. Como sempre, a conversa versava sobre os últimos acontecimentos radioamadorísticos e, cada um, em sua vez, fazia o comentário, segundo os seus conhecimentos e as suas experiências da matéria em apreço. Não raras vezes, surgiam os «dichotes» mais humorísticos e, enquanto uns se deliciavam com a intervenção, outros - normalmente os atingidos - não apreciando o dito chistoso, abriam a discussão, sem que, no final, restasse qualquer animosidade. Eram assim os radioamadores daquele tempo e daquela região.
Ora, numa dessas noites, no período de mais acesa polémica, eis que surge, a seu tempo, como mandavam as regras, um pedido de entrada no QSO. Era um jovem radioamador, de Matosinhos, filho de um nosso embaixador num país da América do Sul, sempre bem disposto e que, por isso, era sempre muito acarinhado.
Chegada a sua vez, eis que o nosso prezado colega, abre o microfone e começa a sua dissertação mas, conforme ía falando ía subindo de frequência, no que a todos preocupou, aguardando o fim da sua intervenção para lhe dar conta que o VFO não tinha estabilidade, problema que ele tinha de solucionar rapidamente, para não ultrapassar os limites da banda estabelecido pela DSR, sob pena de ser admoestado ou mesmo «multado» pela DSR (entidade fiscalizadora), que nessa época tinha mão pesada, pois o seu director, o Eng.º Brás Machado, não admitia quaisquer falhas ao Regulamento. É preciso dizer que também nessa época a fiscalização, para além de escutar os radioamadores, pouco ou nada tinha com que «se entreter». Mas, como diz o ditado popular, «não há fome que não traga fartura», e, assim, hoje, ao contrário do que acontecia nos anos 60, não se faz escuta aos radioamadores e, se a prática rigorosa daquela altura fosse transportada para os dias de hoje, certamente não seríamos mais do que umas poucas centenas.

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