Exma. Senhora Dr.ª Teresa Zambujo, vereadora da Câmara Municipal de Oeiras;
Exmo. Senhor Eng. Carlos Marques, representante do Instituto de Comunicações de Portugal;
Exmos. Senhores Drs. António Nunes e Valdemar Silva, representantes da Protecção Civil;
Exmo. Senhor Manuel Mendes, Presidente da Junta de Freguesia de São Domingos de Rana
Minhas senhoras e meus senhores,
Prezados colegas:
«O passado, tende a afastar-se cada vez mais, a perder-se, a afundar-se. Está preso ao presente pelo interesse que este nele descobre e valoriza. Se o presente se não enlaça ao passado, este acaba por morrer, por desaparecer, por mergulhar no desconhecido, no incógnito, isto é, no NADA.»
António da Silva Rego
Quero começar esta minha participação agradecendo aos organizadores deste Encontro a insistência no convite que me dirigiram e, assim, a oportunidade de dirigir algumas palavras de elogio a todos quantos deram o seu contributo para a realização deste evento, de entre os quais me regozijo de contar alguns dos meus ex-alunos, que, de uma forma ou de outra, têm prestigiado a actividade de radioamador. A eles o meu muito obrigado.
Antes de abordar alguns aspectos marcantes do Radioamadorismo Português quero deixar aqui a minha homenagem, o meu apreço e agradecimento a todos quantos, pelo seu esforço e persistência ímpar, pela dedicação e alheamento de valores financeiros investidos e pelo alto padrão de cariz humano e fraterno que conseguiram transmitir às gerações que lhes sucederam, obtiveram o nosso respeito e o nosso orgulho.
A grandeza desta herança, pese embora todas as convulsões sociais e a corrente de degradação dos valores morais, que no rodar das últimas décadas se registou, não conseguiu de todo apagar, e se reflectiu em outros tantos colegas, que nos últimos anos da viragem do século conseguiram reavivar a história repetindo, não os mesmos feitos, mas outros que em nada lhes ficam a dever, levando a toda a Nação Portuguesa e ao Mundo a existência e a gloriosa história de um País do qual todos nós nos devemos orgulhar.
Vamos lembrar alguns colegas, correndo o risco de sermos acusados de deixar no esquecimento outros, quiçá tão importantes como estes, mas a tentação é superior ao risco e, por isso, aqui os menciono, não pelos nomes próprios, mas pelos seus indicativos, como sempre no meio de nós foram e são ainda conhecidos:
CT1AB, CT1AA, CT1DX, CT1DH, CT1CB, CT1ST, CT1AE, CT1CW, CT1AK, CT1BM, CT1FU, CT1JP, CT1QA, CT1PK, CT1LD, CT1ZG, CT1FL, CT1EE, CT1GE, CT1FM, CT1CT, CT0239,
Estes sempre presentes apesar de já não estarem no meio de nós.
Mas não poderia esquecer, sob pena de cometer uma enorme injustiça, se não juntasse alguns outros, felizmente ainda activos, e que a razão de algumas vezes nos termos encontrado em campos opostos, não me inibe de reconhecer o seu valor e dedicação e, por isso mesmo, os junto àqueles, que desde os meus primeiros passos nestas lides, tiveram lugar cimeiro e constituíram no meu espírito um exemplo a seguir mas, infelizmente para mim, como para a esmagadora maioria dos radioamadores, por não serem vulgares, foram por isso, inatingíveis.
CT1DT, CT1ZG, CT1FL, CT1VV, CT1SE, CT1AP.
Quero pedir-vos desculpa, se aproveitando esta excepcional oportunidade, distinguir um radioamador que, desde o início da minha actividade, coloquei em lugar cimeiro e me orgulho de ter tido como conselheiro e orientador, desde há cerca de quarenta anos, e pelo qual ainda hoje nutro o maior respeito e admiração: CT1BH. Muito e muito obrigado Dr. Nogueira Rodrigues pelo que a mim e a tantos outros neófitos de há quarenta anos atrás, deu da sua paciência, do seu dinamismo e do seu conhecimento. Como enchíamos o peito ao pronunciar o seu indicativo, e que orgulho sentíamos ao vê-lo no «top ten» mundial do DX.
Temos a consciência de omitir alguns radioamadores cuja enumeração seria fastidiosa ainda que merecida. Referimo-nos àqueles que, num espírito nato da nossa actividade, prestaram o seu contributo, desde a Guerra nas ex-províncias Ultramarinas até aos abalos sísmicos dos Açores, passando pelas inundações, que por mais de uma vez, assolaram, principalmente, o distrito de Lisboa.
Feito este preâmbulo, que entendi por necessário e preparatório para o tema a que me propus, vamos então abordar, em traços gerais, esquecendo por vezes o ritual cronológico, o que foi e é o Radioamadorismo, numa visão que queremos histórica mas à qual não podemos deixar de emprestar um cunho pessoal, num misto de saudade, de raiva e de amor.
Quando nos debruçamos sobre a investigação de quando terá tido início em Portugal a utilização da telegrafia eléctrica, antecedente da Telegrafia Sem Fios, deparamos com alguns trabalhos realizados pelo distinto Major do Exército Augusto Bom de Sousa, na Exposição de Electricidade de Paris (1881), seguida de um Tratado de Telegrafia de Sinais para uso do Exército», publicado pela Imprensa Nacional de Lisboa, a par de algumas excelentes revistas.
Mas o entusiasmo que representava no dobrar do século, a electrónica, não deixou Portugal há quem dos países mais desenvolvidos.
Assim, não nos surpreende que o Prof. Catedrático Paulo Benjamim Cabral, à altura Inspector-geral dos Telégrafos, tivesse apresentado ao «Congresso Pedagógico Hispano-Português-Americano», realizado em 1892, um importante trabalho sobre o «Ensino da Electrotecnia em Portugal».
Por todo o mundo a Telegrafia Óptica, precursora da Telegrafia Eléctrica, começa a dar os primeiros passos, no início do século XIX, o que nos leva a concluir que a Revolução Industrial tem aqui, como em outros campos, um papel importante. Aliás, como veremos adiante, as grandes invenções no campo da electrónica são o resultado das necessidades estratégicas que os conflitos internacionais produzem na sua imparável caminhada armamentista.
Sentimo-nos naturalmente emocionados quando rebuscamos, nas revistas da época, as proezas dos nossos colegas na luta travada com os detectores construídos com a massa das cabeças de fósforos.
O tão divulgado e profusamente utilizado detector de galena, por tantos de nós, quando, ainda nos primeiros anos do Liceu, tentávamos ouvir as já potentes estações de Radiodifusão, num espírito de curiosidade, eram naquele tempo ainda uma miragem.
A primeira década do Século XX com a invenção da primeira válvula electrónica, o díodo de vácuo, de Fleming; logo seguida da de três eléctrodos, de Forest, culminando com a utilização, desta última, nos circuitos de reacção, que as converteram em geradores de ondas intermitentes. É o pontapé de saída para um franco progresso, que vem a fazer um compasso de espera, pelo menos de forma aparente, com o início da Segunda Guerra Mundial.
Em Portugal, o início da Primeira Grande Guerra traz, pela primeira vez para a ribalta, a existência de amadores de telegrafia. A proibição que então se decretou, não para os radio-escutas mas para os amadores-emissores, conforme se noticiava no jornal «O Século», que há época, (tal como viria a verificar-se até à sua extinção, após o 25 de Abril, sempre acompanhou toda a actividade e a sua evolução), dá conta que na Calçada do Combro, 85-4º, foi descoberta uma estação de telegrafia, alimentada por pilhas de fabrico artesanal, pertença do jovem. António Júlio Alves, que com outros três colegas de liceu, se dedicavam entusiasticamente ao estudo dos fenómenos da Física e da Química. Presos e levados para o Governo Civil, estes jovens, face à proibição que alegaram desconhecer, logo juntaram que a chave de morse que havia sido apreendida, lhes servia exclusivamente para aprender telegrafia, na intenção de assim se habilitarem ao concurso para telegrafistas do Estado.
Mais tarde haviam de ser descobertos mais postos de telegrafia: na Rua de Marcos Portugal, Rua do Ferragial de Baixo e na Rua de Bartolomeu Dias.
E ainda, os Srs. Júlio Ribeiro dos Santos, João Carlos Raposo, Carlos Martins Kruger, todos em Lisboa. Todos estes amadores foram libertados no dia seguinte à sua detenção.
Mas o mais surpreendente é que, ainda em 1915, na Rua de Pedrouços, havia de ser encontrado um posto emissor que rivalizava com o seu congénere, da Marinha de Guerra do Arsenal.
Não posso neste altura resistir à tentação de trazer à colação uma frase, assaz significativa do sentido nato do Radioamador que foi, até aos anos 70, bem patente na esmagadora maioria dos Radioamadores, e que transcrevo do jornal «O Século»: «O Radioamador é por natureza altruísta e amigo de bem-fazer», e, logo a seguir, a propósito do livro «Vademecum do Radioamador», tê-lo classificado como: «tão grande e significativo pela exteriorização das mais nobres intenções de progresso e confraternização universal».
O nosso primeiro radioamador, Alberto Carlos de Oliveira, mais tarde CT1DX, se o podemos considerar como tal, enquanto servidor do Estado, desde 1912, prestou serviço em Cabo Verde , Madeira e Continente, tendo na época difícil de 1917, sido autorizado a servir de ponte entre os navios de Sua Majestade, a navegar no Atlântico Sul, e o Almirantado em Londres.
Ao percorrermos os primórdios do Radioamadorismo fica--nos a certeza que não se tratava de tarefa fácil obter os meios necessários para entrar nesta aliciante actividade. Todos aqueles de que temos conhecimento eram indivíduos de razoáveis possibilidades financeiras, o que não é compatível com a imagem que do nosso colega CT1AA, Abílio Nunes dos Santos, à altura proprietário dos Grandes Armazéns do Chiado, aparece no excepcional filme português «O Pátio das Cantigas».
Aliás, diga-se já, que nem nessa altura nem no futuro, mais concretamente até ao início da década de 60, o radioamadorismo estava ao alcance da esmagadora maioria dos portugueses. Daí que o seu número com estação própria fosse sempre inferior às duas centenas.
Muito poderíamos dizer sobre esta época, mas os anos seguintes esperam-nos e o tempo obriga-nos a dosear os entusiasmos.
Passemos à análise do final da Primeira Grande Guerra e, com ela, ao grande entusiasmo que tomou de assalto os amadores portugueses. Tinha nascido a radiodifusão. O Radioamadorismo não se queria limitar ao estudo anónimo havia que dar largas ao contacto com o público.
Entremos na segunda década do século XX:
É neste cenário que havia de surgir o nosso distinto colega José Joaquim de Sousa Dias de Melo, CT1AB. Chegado de França, em 1917, onde havia frequentado as aulas de electrotecnia, disciplina que fazia parte do currículo escolar naquele país, instala-se em Lisboa, mais concretamente no Hotel Continental, ao Rossio, e aí começa as suas emissões, tendo efectuado a primeira comunicação bilateral da metrópole com o estrangeiro, com o colega francês F8BF. Será ele também que, em 1962, consegue comunicar em 144 Megahertz com EA4FZ. Isto é o corolário de intensas experiências com um outro radioamador, que tantas vezes nos deliciou com as descrições sempre vivas e entusiásticas do que foi a cavalgada desses intrépidos heróis; falamos naturalmente de Abílio Rodrigues Júnior, CT1ST.
Ao entrarmos na terceira década deste século, dos ventos soprados dos EUA, surge a Radiodifusão, que tem como primeiro seguidor, em terras portuguesas, o Sr. Abílio Nunes dos Santos Júnior, que havia de estar activo até 1934, altura em que o silêncio dos amadores dava lugar às estações estatais e comerciais. Pela sua persistência e por outras razões, é-lhe atribuído o primeiro indicativo português: CT1AA.
O período que vai de 1890 a 1926 é tão rico em acontecimentos que, só para os enumerar, ocuparíamos mais tempo do que aquele que nos está reservado. Vamos só referir que a liberdade política, de expressão e de associação trás, ao de cima, uma pátria regenerada onde a corrupção, o escândalo e o compadrio começam a ser denunciados. Infelizmente a crise económica, e a conflitualidade social são apanhadas na teia das agressões internacionais que ia servindo de motivo para a preparação da Primeira Grande Guerra.
É nestas condições que, face a um pseudo-anarquismo, os investigadores das novas tecnologias têm o campo aberto e se alheiam das questiúnculas de rua para, no segredo das suas casas, desenvolverem as suas experiências.
O período foi longo para alguns enquanto para outros se tornou extremadamente curto; e este foi o dos radioamadores, que se viram assaltados e impedidos de desenvolver os conhecimentos ainda num estado primitivo.
António Júlio Alves, Júlio Ribeiro de Campos, Carlos Augusto, João Correia, Alfredo de Campos Rodrigues, Dionísio da Câmara Lomelino, e alguns outros, impedidos de prosseguirem, perdem-se no esquecimento.
Mas se a anterior evocação recorda 1915, infelizmente podemos renová-la a 7 de Maio de 1925, quando a Polícia de Segurança do Estado sela os emissores de Lisboa, alegando que estes haviam difundido a notícia da rebelião, uma vez que se tornou conhecida em França no dia seguinte.
P1AA – Abílio Nunes dos Santos; P1AB – José Joaquim Dias de Melo; P1AC – Eduardo Jácome Dias; P1AE – Tenente Eugénio Avillez, Conde de Avillez; EP8AM – Maurice Mussche; P1AK – Eng. Manuel Bívar.
A confusão é grande, os amadores de TSF são em menor número. O poder encontra-se nas mãos dos amadores-emissores, ou seja, nos amantes da Radiodifusão. A luta gera-se dentro da associação então existente: a Rádio Academia, cuja maioria dos sócios tentava impedir o «desvio» para outros campos que não fosse o da telegrafia, de comunicações experimentais, defendendo um puritanismo conservador, contra a grande avalancha da radiodifusão não lucrativa. E a separação existia de facto, uma vez que o próprio governo atribuía licenças em separado.
Reza a história que, a 30 de Junho de 1925, os dissidentes da histórica Rádio Academia «gritavam a plenos pulmões: Dissolva-se isto, e garantimos que a Radiodifusão será estabelecida em 48 horas».
Foi assim que nasceu a Sociedade Portuguesa dos Amadores de T.S.F. Mas a promessa gritada na Assembleia-geral não iria ser uma realidade, com a brevidade anunciada.
Mas, como diz o povo, «não há bem que não acabe nem mal que sempre dure», e é nesta máxima que sempre emperrou o dinamismo e o desenvolvimento de todas as tecnologias no nosso País.
Pouco mais de um ano sobre a criação da Sociedade Portuguesa dos Amadores de T.S.F, e por esta ter sido «tomada de assalto» pelos defensores de uma emissora nacional estatal, na linha da política que se começava a desenhar, os emissores experimentais reúnem-se num almoço e constituem a Rede dos Emissores Portugueses, estávamos em Novembro de 1926.
Foi seu primeiro presidente o Conde de Avillez, cuja residência serviu de primeira sede.
O Rádio Clube da Costa do Sol, passa a chamar-se Rádio Clube Português, pela mão de Jorge Botelho Moniz, apoiante entusiasta da ditadura militar e fundador da Legião Portuguesa».
O prestígio que detinha a Rede dos Emissores Portugueses, nessa época, é um «isco» apetecível para as metas a que se propunha e, daí, a tentativa de a arrastar consigo, o que não consegue numa primeira investida. Recordamos o grito de um radioamador que em plena Assembleia-geral se insurge e diz: «Como a Alemanha sonhava com a hegemonia sobre a Europa, o Rádio Clube Português, representado pela inteligência fulgurante de Botelho Moniz, quer monopolizar todas as demonstrações vitais de união radiófila. Que espere o Sr. Botelho Moniz, porque ainda é cedo».
De pouco valeram estes argumentos porque os intentos do major Botelho Moniz, de associar a REP ao Rádio Clube Português, acabaram por se realizar.
O casamento havia de durar para além do final da Segunda Guerra Mundial.
Por divergências, que certamente não eram políticas, alguém faz desaparecer as acções daquela emissora, de que era detentora a REP, e fica-nos ainda hoje a dúvida, se não se tratou de uma maquinação bem delineada, uma vez que não demorou que o Rádio Clube Português comunicasse a «expulsão» daquela sua ex-accionista.
Com o nascimento da Emissora Nacional, os radioamadores, que haviam investido na Radiodifusão são proibidos de prosseguir a sua actividade, e como uma desgraça nunca vem só, pouco depois, tem início a Segunda Guerra Mundial.
Os radioamadores, apesar da proibição a que estavam sujeitos, não resistem ao apelo que lhes é dirigido por ocasião do terramoto de 15 de Fevereiro de 1941. Esquecendo tudo, substituem as comunicações oficiais, incapazes de responder às necessidades, e fazem jus ao que se escrevia no «Anuário Radiofónico» de 1937 – «mais não pretendemos que mostrar quanto pode ser útil ao País a actividade dos Amadores de Rádio-Emissão, quando devidamente aproveitada e orientada».
O fim do conflito traz para o mundo civil os segredos tecnológicos que serviram a guerra. A electrónica começa a caminhada vertiginosa, que ainda hoje se nos depara como uma incógnita a cada dia que passa.
Mas se por todo o mundo o interesse pela pesquisa, pela investigação, pela realização e pela experimentação era quase um sacerdócio, no seio dos radioamadores, em Portugal, salvo honrosas e ínfimas excepções, o obscurantismo era encoberto com as quezílias que um hipotético poder gerava.
As lutas intestinas substituíram a lucidez para seguir os países mais desenvolvidos,
A qualidade que imperava nos silenciados radioamadores até ao fim da Segunda Guerra Mundial foi substituída pela quantidade que o sistema «educou».
Os anos sessenta começam praticamente com a guerra nas ex-províncias Ultramarinas e, naturalmente, nasce a primeira grande fornada de radioamadores. Incómodos, contestatários, rebeldes, diremos mesmo revolucionários. Caminham na senda dos que desde o Norte lutam contra a obrigatoriedade associativa e tenta separar-se de Lisboa começando por criar uma delegação, na cidade do Porto, que, por demasiado incómoda, acaba por ser extinta.
Havia de surgir a independência das nossa Províncias Ultramarinas e, com ela, a chegada de milhares de compatriotas que transportavam consigo, aproveitando novamente a liberdade que então se restabelecia, o espírito inovador e sangue novo ao radioamadorismo e um outro sangue que cedo havia de deteriorar-se no seio da Banda do Cidadão, que com a sua chegada, se «descobriu» para os portugueses.
A 7 de Novembro de 1974 (Decreto-Lei 594/74) termina a obrigatoriedade associativa e logo no Norte, fazendo valer o que atrás dissemos, surge, no Porto, pela mão do mais prestigiado Radioamador a Norte do Mondego, CT1BH, a Associação de Radioamadores Portugueses, que tenta disputar, nos meios internacionais, a liderança do radioamadorismo português.
A partir daí começam a surgir associações de radioamadores por todo o País, atingindo, nesta altura, o número apreciável de vinte.
A actividade toma novo fôlego e a corrida às novas tecnologias dispara em todo o País. O entusiasmo é enorme e a compita, entre as associações recém-criadas, saudável.
Mas deixem-me voltar aos anos 60 e relembrar o espírito humano, e de entreajuda, que conhece uma nova etapa e começa a florescer nos radioamadores, que se afastavam das lutas que nada lhes diziam. Na província, era evidente a confraternização, a amizade enraizada, a entrega total, para que a boa semente desse os seus frutos. Para que esta saudade, este amor e esta dedicação ao Radioamadorismo não fosse letra morta. Como foi bom ver os colegas de Lisboa confraternizar connosco nos encontros do Palácio de Cristal, no Porto: obrigado CT1GE, CT1EE, CT1OZ, CT1BH, CT1WB e CT1IK); de Coimbra: obrigado CT1MX, CT1ME, CT1MW; do Cartaxo: obrigado CT1PK.
Mas se alguns trabalhavam, como agora o fizeram estes jovens do Clube Rádios do Atlântico, outros havia que eram os indispensáveis «barreteiros» e animadores destes inesquecíveis encontros: obrigado CT1KM, CT1LJ, CT1DJ, CT1CC, e tantos outros).
Termino, deixando no ar uma chamada geral, aos actuais radioamadores, para que sejam capazes de trazer a dignidade, o prestígio e a fraternidade, à generosa actividade que abraçamos. Evitem a intromissão da política, do futebol e do insulto e gritem a plenos pulmões, para que os governantes nos ouçam: Queremos ter os direitos porque lutamos e não o esporádico e logo esquecido reconhecimento das intervenções a que somos chamados quando todos os meios de comunicação ficam inutilizados.
Viva o Radioamadorismo.
Viva Portugal.
(a) Intervenção no I ENCONTRO DE RADIOAMADORES DO CONCELHO DE OEIRAS
Em 12 de Fevereiro de2000
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